[dropcap]L[/dropcap]íderes da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que reúne Estados Unidos, Canadá e países europeus, se encontram a partir desta quinta-feira na cidade de Newport, no País de Gales, para uma cúpula que deve ser fundamental para decidir os rumos que a aliança militar seguirá nas próximas décadas.


Tensão com a Rússia domina cúpula da Otan


O encontro - que conta com a presença do presidente americano, Barack Obama, e do primeiro-ministro britânico, David Cameron, entre outros - deve ser dominado por temas que recentemente vêm afetando os países da aliança e de outras partes do mundo, entre eles a guerra no Afeganistão e o surgimento do Estado Islâmico (EI) no Oriente Médio.


Mas a questão que deve se sobrepor na agenda de discussões deve ser a relação da aliança com a Rússia, estremecida desde o início da crise na Ucrânia, onde conflitos entre tropas governistas e rebeldes separatistas já mataram cerca de 2,6 mil pessoas nos últimos cinco meses. Segundo as Nações Unidas, mais de 1 milhão de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas no leste da Ucrânia devido aos confrontos.


De acordo com os líderes ocidentais, existem evidências de que os rebeldes separatistas na Ucrânia têm recebido treinamento e armas por parte da Rússia, o que é negado pelo governo de Vladimir Putin. A tensões na Ucrânia fizeram com que as relações entre a Rússia e o Ocidente atingissem seu pior nível em anos, e há temores de que hostilidades similares às da Guerra Fria estejam retornando, em um momento em que outras ex-repúblicas soviéticas temem interferências por parte da Rússia.


Mas a crise no país do leste europeu não é o único ponto de atrito entre as duas partes. Veja as principais questões que tensionaram as relações entre a Rússia e os países ocidentais nos últimos anos.



Expansão da Otan para o leste


O fim do comunismo na União Soviética fez com que os governos de países do leste e do centro da Europa passassem a enxergar a adesão à Otan como uma espécie de proteção contra eventuais agressões por parte da Rússia e como um sinal de comprometimento com os valores ocidentais.


Em 1999, uma década após a queda do Muro de Berlim, a Otan admitiu como membros três antigos integrantes do Pacto de Varsóvia (a aliança militar liderada pela União Soviética, extinta em 1991): República Tcheca, Hungria e Polônia.


Tensão com a Rússia domina cúpula da OtanOutros ex-países do bloco comunista acabaram por aderir à aliança ocidental em 2004: os Estados bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Bulgária, Romênia, Eslováquia e Eslovênia. A expansão da Otan para os países bálticos irritou a Rússia de maneira particular, já que estes Estados faziam parte da antiga União Soviética e são tradicionalmente considerados por Moscou como "vizinhos próximos", expressão comumente utilizada por políticos russos para argumentar que estes países não deveriam agir contra os interesses estratégicos do Kremlin. Durante a cúpula no País de Gales nesta semana, a Finlândia – que não é membro da aliança – irá assinar um tratado de "Nação Anfitriã" com a Otan. Isto vai fazer com que o país, que divide uma grande extensão de fronteira com a Rússia, passe a dar apoio logístico – embora não vá servir como base – às operações do consórcio.


A Suécia também planeja assinar um acordo semelhante, em data ainda não confirmada, o que vai abrir caminho para adesão formal dos dois países nórdicos ao bloco no futuro.


Em 2008 a Otan também sinalizou a possível adesão da Géorgia, no que foi visto pelo Kremlin como uma provocação direta, assim como aconteceu diante da possibilidade de uma aproximação da Ucrânia com a aliança ocidental.


BBC Brasil

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