Amargosa: Declaração da tia da criança morta e balanço dos acontecimentos

Familiares e vizinhos da menina Maria Vitória Souza Santos, morta dentro de casa por um policial, na noite desta quarta-feira, 16, em Amargosa, participam na tarde desta quinta, 17, de uma reunião com o secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP), Maurício Trindade, o comandante geral da Polícia Militar (PM), Alfredo de Castro, e o delegado geral da Polícia Civil, Hélio Jorge Paixão, além de promotores, juízes de comarca e advogados. A reunião acontece no fórum do município, mesmo local em que, do lado de fora, cerca de 500 pessoas realizam um protesto contra a morte da criança.

Vestidas de preto e com faixas e cartazes, os manifestantes pedem justiça e, durante a manhã, entraram em confronto com policiais, que utilizaram sprays de pimenta para afastar as pessoas da entrada do prédio.

De acordo com a tia da vítima, Letícia de Almeida Santos, estava na casa da família quando a menina foi morta. Segundo ela, o policial civil de prenome Carlos chegou em um carro modelo Palio, de cor preta, acompanhado por um policial militar conhecido como Aurélio. O alvo do policial era o balconista Wellington de Jesus Trindade, de 22 anos, que conversava com amigos em frente à residência da família. "O policial se aproximou, falou 'perdeu, viado, agora você morre' e começou a atirar contra ele, que se jogou no chão e entrou na casa", explica a tia.

Segundo Letícia, neste momento Maria Vitória estava no colo do pai. Ao perceber a invasão, ele tentou fechar a porta mas foi impedido por um chute do policial, que começou a atirar e acertou a cabeça da menina. Maria Vitória chegou a ser socorrida pela viatura para o Hospital Municipal de Amargosa, mas já chegou ao local sem vida. O corpo da criança está sendo velado em casa, no bairro Catiara, e o sepultamento será realizado às 16h, no cemitério municipal. Em entrevista ao A Tarde, Wellington ressaltou que não tem passagem pela polícia e já conhecia o policial civil que, segundo ele, tem "fama de valentão". O jovem também participa da reunião dentro do fórum.

Trinta motocicletas, 18 carros e um ônibus foram incendiados pela população

Além disso, o grupo ainda invadiu a delegacia, roubaram todas as armas, liberaram os presos e destruíram o local. Esse é o saldo divulgado pela PM na manhã desta quinta-feira (17) após os ataques ocorridos no município por causa da morte de uma criança por um policial. (Veja imagens da destruição aqui e vídeos  aqui)

De acordo com o delegado titular da 4ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin/ Santo Antônio de Jesus), Paulo Roberto Guimarães, que gerencia a segurança na região, 16 presos que foram libertados da carcerarem após invasão do grupo.

Desses, dois já foram recapturados. Segundo Paulo Roberto, durante o conflito, delegada, juiz e promotor do município se refugiaram em um hotel da cidade. Ele afirmou que as autoridades se hospedaram no local por motivo de segurança, já que a sede da delegacia da região foi completamente destruída pelos bandidos.

Durante a ação do grupo, todo o armamento da delegacia local foi roubado entre a noite de quarta-feira e a madrugada desta quinta-feira. Segundo o coronel Aldemário Xavier, que atua na cidade, 18 pessoas foram ouvidas pela polícia e liberadas. Aldemário ainda informou que o caos estabelecido na cidade está controlado na manhã desta quinta-feira.

Fonte:  A Tarde/ G1 Bahia