O líder supremo do Irã acusou os Estados Unidos neste domingo (22) de tentar retomar o controle do Iraque, explorando as rivalidades seculares, enquanto os insurgentes sunitas se dirigiam para Bagdá a partir de novas fortalezas ao longo da fronteira síria.
A condenação da ação dos EUA pelo Aiatolá Ali Khamenei veio três dias depois do presidente Barack Obama se oferecer para enviar 300 conselheiros militares para ajudar o governo iraquiano. Khamenei pode querer bloquear qualquer escolha de um novo primeiro-ministro por parte dos EUA, depois de reclamar em Washington sobre o primeiro-ministro xiita, Nuri al-Maliki.
Neste domingo, militantes invadiram um segundo posto de controle na fronteira com a Síria, chegando a duas semanas com rápidas conquistas territoriais, enquanto o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) persegue o objetivo de ter sua própria base de poder, um “califado” abrangendo os dois países, o que gerou alarme em todo Oriente Médio e no Ocidente.
"Somos categoricamente contra uma intervenção dos EUA ou de qualquer outro país no Iraque", disse Khamenei, segundo a agência de notícias IRNA.
"Não aprovamos isso, já que acreditamos que o governo iraquiano, a nação e as autoridades religiosas são capazes de acabar com a sedição".
Alguns observadores iraquianos interpretaram seu comentário como um aviso para que não tentem escolher seu próprio substituto para Maliki, a quem muitos no Ocidente e no Iraque responsabilizam pela crise. Em oito anos no poder, ele alienou muitos da minoria sunita, que dominou o país durante o governo do ditador deposto, Saddam Hussein.
Falando no Cairo, o secretário de estado dos EUA, John Kerry, disse que os EUA querem que os iraquianos encontrem uma liderança que possa representar todas as comunidades do país – embora ele tenha repetido as palavras de Obama, dizendo que não vai determinar ou escolher esses líderes. Os governos do Irã e dos EUA pareciam estar abertos para uma colaboração contra o ISIL, que também enfrenta o presidente da Síria. O líder sírio conta com o apoio do Irã e Washington deseja sua remoção.
"As autoridades norte-americanas estão tentando retratar isso como uma guerra sectária, mas o que está acontecendo no Iraque não é uma guerra entre xiitas e sunitas", disse Khamenei, que tem a última palavra na administração religiosa da república islâmica xiita. Acusando Washington de usar os islâmicos sunitas e os partidários do Baath, partido de Saddam Hussein, ele acrescentou: "Os EUA estão procurando manter o Iraque sob sua hegemonia e governado por seus lacaios". Durante a longa guerra do Irã contra Saddam nos anos 80, o Iraque contou com o apoiosilencioso dos EUA.
O ISIL seguiu em direção ao leste a partir de um recém-capturado posto de controle, na fronteira do Iraque com a Síria, assumindo o controle de três cidades na província de Anbar. No sábado, havia dominado um posto de controle perto da cidade de Qaim, disseram testemunhas e fontes da segurança.
Eles conquistaram um segundo posto neste domingo, conhecido como al-Waleed.
As conquistas do ISIL neste domingo incluem as cidades de Rawa e Ana, ao longo do Rio Eufrates, ao leste de Qaim, assim como a cidade de Rutba, mais ao sul, na principal rodovia da Jordânia para Bagdá.
Um oficial da inteligência militar disse que as tropas iraquianas se retiraram de Rawa e Ana, depois que militantes do ISIL atacaram os assentamentos na noite de sábado. “As tropas se retiraram de Rawa, Ana e Rutba hoje de manhã e o ISIL agiu rapidamente para controlar completamente essas cidades,” disse o oficial.
“Eles conquistaram Ana e Rawa hoje de manhã, sem lutar.”
Fonte: Gazeta do Povo
Postar um comentário